Trabalho
Roberto Silva
Por Yami Trequesser / Foto: Divulgação
O pernambucano Roberto Silva saiu do Brasil em 1992 para estudar inglês em Londres. Acabou ficando, abriu um escritório para oferecer seus trabalhos como arquiteto paisagista e agora está escrevendo um livro sobre o paisagismo brasileiro, que será lançado por uma editora inglesa em todo o mundo.
" Nasci em uma pequena cidade no interior de Pernambuco, chamada Caruaru. Estudei Agronomia na UFRPE porque meu pai tinha uma fazenda, onde naturalmente eu pretendia trabalhar. Mas no final do meu curso, me interessei por paisagismo e fui para São Paulo estudar. Chegando lá notei que também não havia um curso específico sobre o assunto e que as pessoas que trabalhavam com paisagismo eram na maioria autodidatas. Após alguns cursos pequenos exerci a profissão em uma empresa chamada Brasanitas durante 6 meses.
Vim para Londres para aperfeiçoar o inglês e porque sempre tive vontade de morar um tempo fora. Mas nunca pensei em ficar por tanto tempo e já estou há 12 anos. E tudo aconteceu por acaso. Vim só para conhecer um pouco do mundo e curtir a vida em Londres. Depois desse período, pensei que se fosse realmente ficar por aqui, teria que fazer alguma coisa que gostasse. Assim, procurei fazer cursos de paisagismo e consegui um mestrado em Arquitetura de Paisagem pela Universidade de Greenwich.
Enquanto fazia o mestrado, trabalhava no Fulham Palace Garden Center e já começava a criar meus primeiros jardins. Ao fim do curso tinha estabelecido meu próprio negócio. E assim ainda está acontencendo. Em Londres tudo é muito competitivo e você tem que estar lutando sempre.
Acredito que não é necessário ter um tipo de certificado ou curso para trabalhar como paisagista aqui. É preciso ter apenas experiência e um portfólio para mostrar ao cliente. Mas para ser arquiteto paisagista, que é um profissional que trabalha com parques ou em uma escala maior de projeto, é necess á rio sim. Precisa de curso superior em arquitetura de paisagem, que ainda não existe no Brasil, e mais dois anos de experiência em escritórios de arquitetura de paisagem.
No Brasil, minha maior influência sem a menor dúvida seria o nosso mais celebrado paisagista Roberto Burle Marx.E no exterior, eu não diria nenhum paisagista, mas sim arquitetura, arte e a paisagem em geral. Na verdade, tudo que vejo me influencia.
Meu trabalho mais conhecido é o Foster Garden , em Putney, Londres. Esse jardim já foi publicado várias vezes em respeitados livros e revistas e me projetou aqui e lá fora.
Agora estou escrevendo um livro, que ser á publicado pela editora inglesa Thames and Hudson. A idéia surgiu nas minhas visitas ao Brasil. Quando olhava para várias publicações e revistas, notei que havia profissionais fazendo jardins interessantes. Sabia que a única referência brasileira sobre o paisagismo brasileiro era Burle Marx. Deste modo, surgiu a idéia de mostrar para as editoras que há projetos fora todos esses de Burle Marx, que são publicados todos os anos pelo mundo. O livro vai ser publicado ano que vem, acredito que na primavera, e distribuído no Brasil e no mundo. "