Trabalho
VER O PRAZER NOS OLHOS DO CLIENTE, É A NOSSA RECOMPENSA
Talento,dedicação,organização e especialização conquistando paladares
Por Val Oliveira
Considerada um dos sete pecados capitais, a gula tem sido alimentada (no sentido mais literal da palavra) pelas talentosas mãos dos mestres de uma das artes mais admiradas do planeta: a culinária.
E é nas tumultuadas cozinhas que esses artistas, mestres, chefs se escondem. Berço da alta culinária, a França domina a arte da boa mesa e por isso mesmo não seria novidade a dominação dos chefs franceses na terra do fish and chips. No entanto, entre uma e outra apimentada discussão sobre quem são os melhores do mundo, lá estao os brasileiros conquistando espaço numa das profissões mais saborosas do planeta.
E foi por curiosidade que o mineiro Humberto Marchioro, 24 anos, descobriu a profissão. Aos 18 anos, partiu para os Estados Unidos em busca de desafios.
O primeiro emprego foi como basboy (recolhia copos, pratos e limpava as mesas) num restaurante mexicano. Através do contato diário com a cozinha, surgiu o interesse pela culinária. "Sempre que podia dava uma especulada na cozinha, ajudava aqui e ali e depois de um ano e quatro meses já era o gerente da cozinha", revela.
Segundo ele, apesar do glamour e dos altos salários embolsados pelos grandes chefs, a culinária é como qualquer outra profissão. "Você precisa seguir regras, receitas, fazer cursos técnicos de limpeza e organização, cumprir metas e ser bastante criativo. Sabor e decoração andam juntos na nossa profissão". A paixão foi crescendo e o levou ao Curso de Culinária na Universidade de Nova York. Após 1 ano e meio, percebeu que a culinária em terras americanas não estava mais fisgando seu interesse e partiu para Londres, lugar onde, para ele, estão os grandes mestres.
A experiência nos EUA abriu portas rapidamente. Começou num restaurante argentino, passou pelo Le Pont de la Tour - um dos melhores restaurantes franceses de Londres - e há seis meses trabalha como Senior Chef de partie no restaurante da Royal Society of Art (instituição privada que se dedica a manter viva a arte inglesa).
Trabalhando 8 horas diárias e criando pratos que vão de sushi até comida mexicana, Humberto pode se considerar um sortudopor trabalhar apenas de segunda a sexta. Geralmente, os chefs trabalham 12/14 horas por dia e nos finais de semana, os dias de maior movimento, a carga horária pode dobrar. É trabalho pesado.
Se foi o acaso que guiou Humberto para a culinária, para a paulista Ileidy de Oliveira, 45 anos, a paixão pela cozinha foi um prato cheio para mudar de ares. Ela trocou a rotina de secretária pelas cozinhas da capital Inglesa. Consciente da estressante jornada diária, ela buscou um caminho alternativo para unir prazer e trabalho. Há três anos e meio se dedicando a profissão em Londres, resolveu investir na carreira de personal chef. De olho na flexibilidade de horário e na oportunidade de opinar e criar pratos exclusivos, ela encarou o desafio e hoje trabalha por conta própria. Ileidy prepara os pratos em casa ou na casa do cliente e cria cardápios para festas e eventos ao gosto do freguês. "Adoro experimentar tudo, é o que acho interessante". Assim como suas receitas, ela faz mistério também quanto ao salário. "Você pode cobrar por hora ou por festa, depende do evento".
Para aqueles que estão começando a desvendar os mistérios da gastronomia, a chef não economiza nas dicas. "Acho que a maior exigência é gostar de culinária. Estudar e ler bastante sobre o tema ajuda. Antes de mais nada, é preciso conhecimento da língua inglesa. E se você quer ser um ótimo chef, trabalhe e trabalhe duro, porque a competição é grande e se trabalha horas e horas, muitas vezes com apenas 30 minutos de intervalo.
Mas, se você tem paixão por culinária, não desista! Existe sempre lugar para um bom profissional".
Cargos e Salários
O quanto se pode faturar nesse ramo varia bastante de acordo com o restaurante em que se trabalha e a bagagem impressa no curriculum. O mercado é promissor e oferece oportunidades de crescimento a curto prazo para os profissionais dedicados. E apesar do trabalho pesado, o salário é de encher os olhos.
- Commi Chief (ajudante de cozinha): ganha em media £ 6 por hora. De descascador de batatas a lavador de pratos, é um mil e uma utilidades. Com um olho na panela e outro nos passos do chef, é certamente um dos melhores caminhos para se tornar um dos grandes.
- Chef de partie: Fatura de £ 9 a 12 por hora. A função exige conhecimento de pratos com carnes, peixes, saladas e entradas. Esse profissional precisa ter uma noção básica de todos os pratos, mas tem sempre uma especialidade. Experiência e um razoável nível de inglês são exigências básicas.
- Senior Chef de partie: Seguindo as exigências acima, fatura de £ 18 a £ 22. A experiência profissional aqui é o passaporte para o cargo.
- Sub-chef: Braço direito do head-chef, é essencial saber fazer de tudo um pouco. Aqui se pode embolsar em média £ 20 a £ 25 por hora.
- Head-chef: Admirado pelos apreciadores da boa comida e temido pelos chefs, domina a arte de A a Z. Normalmente, graduação em culinária e pelo menos 5 anos de experiência são requisitos imprescindíveis para se ocupar o posto. Porém, o salario compensa. Um head chef ganha, em média, £ 40 por hora e esse valor pode atingir cifras milionárias. Boa sorte e claro, bon apetit!
Links
Admiral Group: Agência de emprego especializada em eventos, tem sempre diversas oportunidades para chefs www.admiralgroup.com
Jobs centers: Agência do governo britânico, oferece inúmeras vagas no setor e ajuda na hora de marcar a entrevista. www.jobcentreplus.go.uk
Hotéis e restaurantes: Curriculum na mão e disposição para andar bastante, esses lugares geralmente preferem receber curriculum diretamente.