Trabalho
Fabricio Moreira
Um brasileiro nos sets de filmagem
Fabrício Antonio Moreira tinha 21 anos quando veio para Londres, com o objetivo de morar na cidade por um ano aprendendo inglês. Mas enquanto estudava a lingua, Fabrício começou a cursar também escolas e pequenos workshops para atores. Um cursinho aqui, outro ali e mais o biotipo "latino" _ pele morena, alto, cabelos encaracolados _ ajudaram Fabrício a começar uma carreira, apesar de discreta, no cinema. Hoje, após 4 anos vivendo em Londres, Fabrício tem um vasto currículo de participações como figurante em filmes como Alexander, Bridge Jones, 007- Die Another Day, Closer, Layer Cake e nos ainda não lançados Charlie and the Chocolate Factory e o novo Harry Potter.
Oi Londres - Você já tinha alguma experiência como ator quando veio do Brasil ou resolveu tentar quando chegou a Londres?
Fabrício - Eu tinha feito alguns workshops no Brasil, mas não vim para Londres pensando nisso, sinceramente. Vim para estudar e ganhar uma experiência de vida no exterior. Depois que comecei a estudar inglês aqui, entrei em uma escola de dança, a Pineapple e comecei a me apresentar em espetáculos de tango e salsa.
Oi Londres - E como você começou a trabalhar como figurante em filmes?
Fabrício - Meu primeiro trabalho em Londres foi lavando pratos. Depois em pub. Quando meu inglês estava melhor, consegui um emprego na Benneton. Aí comecei a mandar fotos para agências, um amigo me deu força, disse que eu poderia me dar bem por não ter muito ator disponível por aqui com o biotipo latino. E foi o que aconteceu. Quando as agências precisam de um tipo de pele mais morena, cabelos encaracolados sempre me chamam para o teste. Claro que não é sempre que consigo uma vaga, há outros candidatos, mas as chances são sempre ótimas.
Oi Londres - E como é a experiência em um set de filmagem?
Fabrício - Meu primeiro filme foi no 007 Die Another Day. Estava muito entusiasmado, nunca tinha pisado em um set e vendo todo aquele movimento, os atores. Fiquei um pouco preocupado também por não ter experiência, mas acaba sendo mais fácil do que se imagina. É só vestir o figurino, seguir as regras do diretor. E ser profissional. Por exemplo, há regras como não poder levar cameras para o set. Já vi um figurante perdendo câmera, sendo expulso e perdendo o trabalho. É muito cansativo também, às vezes a gente passa um dia inteiro esperando para filmar uma cena que nem sempre termina na edição final.
Oi Londres - Isso já aconteceu com você? Deve ser frustrante, não?
Fabrício - Aconteceu comigo no filme Wimbledon . Foram dois dias de trabalho, eu era um repórter, achei que ia aparecer bastante. Mas aí eles cortaram a cena e eu fiquei lá no cinema achando que ia me ver.
Oi Londres - E qual foi a melhor aparição até agora?
Fabrício - Em Alexander. Na cena eu sou o auxiliary do escrivão, estou ao lado dele e o ator é Anthony Hopkins. Ele diz a fala dele e a câmera passa em foco por ele, por mim até o escrivão. Adorei quando vi, liguei para minha mãe, para a família, disse para todo mundo ir ao cinema me ver. (risos)
Oi Londres - Dá para viver fazendo só figuração? Porque não é um trabalho fixo.
Fabrício - Em alguns meses dá sim. Em um dia de trabalho ganha-se cerca de £ 100. Tem mês que não acontece nada e aí você precisa fazer uns bicos, mas tem mês que dá para ficar na boa.
Oi Londres - E quais são seus planos para o futuro? Quer virar um movie star?
Fabrício - Eu não tenho grandes pretensões, estou feliz fazendo figuração e acho que não gostaria de ser famoso, para falar a verdade não penso em seguir a carreira. E também não quero morar fora do Brasil para sempre. Estou planejando ir para França, estudar um tempo por lá e voltar para o Brasil.
Oi Londres - Que conselho você daria para quem está tentando trabalhar no mesmo ramo no Reino Unido?
Fabrício - Não só nesse ramo, mas em qualquer área que a pessoa queira trabalhar, acho que tem acreditar no próprio potencial e correr atrás. A gente sai do Brasil, chega aqui achando que não vai ter muitas chances por ser brasileiro, mas as chances acontecem se você souber onde procurar e não desistir tão facilmente. Tem que ser persistente e acreditar.