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A Hora do Yes!
Casamento no Reino Unido
Esse é um bilhetinho do marido da Márcia Leggett, 30 anos, mais uma paulista entre as milhares de brasileiras que fazem parte da comunidade na Inglaterra. Antes de pensar que o rapaz nem fala português direito, saiba que Martin, de mesma idade, é britânico. Foi quando ele morou no Brasil que Márcia apareceu em sua vida, como colega de trabalho em uma empresa multinacional. E foi na hora dele voltar para a Inglaterra que os dois perceberam: a amizade já tinha se tornado um algo a mais.
“ Mantivemos contato via e-mail, messengers e telefonemas. Apesar da distância, nossos sentimentos se intensificaram e passaram a ter um significado maior do que esperávamos”, conta ele. Antes do desfecho final, Martin voltou de férias ao Brasil , e Márcia veio à Inglaterra por duas semanas. Depois de passear um bocado e ser apresentada à família e amigos, os dois tiveram certeza do que viria pela frente: decidiram então que iriam morar no Reino Unido e até escolheram o apartamento que iriam viver juntos em Bournemouth.
Márcia estava pronta a largar uma vida estabilizada, apartamento próprio e carreira promissora em São Paulo para enfrentar a burocracia do Home Office para conseguir morar na Inglaterra. “A princípio, minha idéia era entrar no Reino Unido com visto de estudante por um ano, e neste período teria tempo para planejar nossa vida a dois. Porém, financeiramente essa idéia não era muito prática”, explica. Mas nem foi preciso: antes de investir nessa alternativa, Martin a pediu em casamento. “A partir desse momento todos nossos planos começaram a se encaixar e a dar muito certo”, conta.
Outra história
Foi pela internet que Kátia, teclando lá do Brasil entre 1997 e 1998, conheceu Vincent. Os dois sempre conversaram muito, mas só se conheceram pessoalmente um ano depois, quando Kátia saiu para a primeira viagem internacional. Paris, e não a Inglaterra, foi o palco do primeiro encontro dos dois. “É um choque quando você conhece alguém cara a cara depois de conhecer on-line. Você não sabe se abraça, se beija, o que fazer”, conta Kátia. Os dois se abraçaram num primeiro momento, desfrutaram da companhia um do outro pelas ruas de Paris, e se despediram, ainda como amigos. “Acho que nenhum de nós estava pensando em relacionamento naquela época”, completa ela.
A moça voltou ao Brasil e o bate-papo pela internet continuou no mesmo ritmo, até que, quase um ano depois, Vince foi visitar Kátia no Brasil. Foram duas semanas juntos, muitos passeios, até o momento da despedida. “Eu estava bem, achando que não iria sentir falta dele... enfim”, conta ela, lembrando que, ao contrário, o adeus foi com lágrimas nos olhos. Mas tudo ainda era só amizade. No mesmo ano, Kátia foi estudar no Canadá e recebeu a companhia do amigo inglês, que tinha ido passar três semanas com ela. Foi então que os dois caíram em si: existia um algo a mais que amizade no ar. Ela ainda foi, em 2000, passar uns dias na Inglaterra, conheceu a família dele, e voltou ao Canadá. “Eu já estava traumatizada com aeroportos, porque aeroportos significavam que a gente estava se separando”, lembra.
As coisas começaram a acontecer no mesmo ano, quando Vince se mudou para o Canadá. “Foi a prova de fogo. A chance que a gente precisava pra saber se o nosso relacionamento iria funcionar se a gente estivesse sempre junto”. No ano seguinte, o já oficial casal voltou ao Brasil, quando Vince conheceu a família de Kátia. Alguns meses depois, ela ganhou um anel de noivado de presente de aniversário. “A gente decidiu se casar antes de voltar pra Inglaterra e em dois meses nós tivemos que providenciar tudo, desde papelada para o casamento até bolo e vestido”. Ela conta ainda que foi o dia mais feliz e bonito de toda a vida. Atualmente, Kátia e Vince Buckner moram em Birmingham.
Vencendo a burocracia para ficar juntos
Em casos como esse, o melhor caminho para chegar à Inglaterra é pedir, junto ao Consulado do Reino Unido no Brasil, o Entry Clearance – Settlement Fiancée Visa, uma espécie de visto de noiva, que tem duração de seis meses, mas sem direito a trabalho. É o tempo que o casal tem para organizar o casório e pedir no Home Office, já com o certificado em mãos, o Further Leave to Remain, que tem duração de um ano, e, em seguida, conseguir o Indefinite Leave to Remain, sem tempo definido. No caso de Márcia, demorou um ano após o casamento para chegar a esse ponto, mas esse processo pode ser de até dois anos. Se o casamento for realizado no Brasil, como no caso de Kátia, a certidão precisa ser traduzida.
É recomendável ser bem organizado e apresentar todos os documentos pedidos de imediato, para que o processo flua com rapidez. Desde o pedido de Entry Clearance, pode ser útil a apresentação de todos os tipos de documentos que comprovem o relacionamento, incluindo cartas pessoais, fotos, e-mails, etc. É preciso provar ainda que o casal não vai depender de ajuda financeira do governo para se manter aqui, ou seja, o conjugue inglês precisa estar estabilizado em um emprego por no mínimo um ano. Foi tudo muito simples para Márcia, mas ela se preparou como deveria. “Li diversas vezes as informações que os consulados e embaixadas fornecem nos websites e preparei tudo antecipadamente”, diz.
O casamento celebrado no Reino Unido também é válido no Brasil, mas é preciso que isso seja registrado no Consulado-Geral em Londres ou diretamente no país. Se a decisão do casal for a de morar por aqui, é preciso ainda alterar o nome no passaporte e fazer a Declaração de Saída Definitiva do País para a Receita Federal. O casal deve ir ao Consulado portando a certidão de casamento original britânica e a documentação pessoal de ambos. É preciso pagar uma taxa de £16 e o prazo de entrega é de dez dias. A lista de documentos exigidos está no website da Embaixada.
O casamento entre brasileiros e pessoas de outras nacionalidades que não a inglesa também pode ser feito no Reino Unido. Para efeitos de visto, a união com cidadãos de países membros da comunidade européia implica também na liberdade de entrar e sair do país quando quiser, trabalhar ou abrir negócios. O visto do brasileiro fica sendo o Further Leave to Remain, que deve ser renovado a cada dois anos, desde que o parceiro europeu esteja morando no Reino Unido.
Mil vantagens
Cada caso é um caso, e se o assunto é casamento, ao mesmo tempo que não existe receita, também não existem moldes para o parceiro. Por isso não importa se as nacionalidades são diferentes, as linguagens avessas, os hábitos estranhos, mas é preciso ter aquela certeza. “Tive que ter forças para abrir mão de parte da minha vida e seguir em frente não dividida, não pela metade, mas inteira, completamente segura de que minha felicidade quem constrói sou eu, sem medo de olhar para o caminho que ficou para trás.”
A mudança para outro país pode causar um monte de sentimentos estranhos, ao mesmo tempo. Uma mistura de saudade do que ficou no Brasil, uma incerteza diante da cultura nova que aparece na frente. A solução para não pensar em jogar tudo para o alto é se agarrar a todas as possibilidades de fazer coisas boas que, com certeza, aparecem. “Mas por mais preparada que você esteja, viver em outra cultura é sempre um choque. No começo, precisava da ajuda do Martin para tudo, desde ir ao médico até para tomar ônibus. Fiz um curso de três meses e terminei o nível avançado em inglês. Mas aprendo muito mais no dia-a-dia, atenta à linguagem ao meu redor”, diz Márcia, explicando que hoje se sente uma estrangeira bem adaptada à cultura britânica.
E tem a delícia de dividir com alguém de outros backgrounds culturais aquilo de mais precioso que você pode ter: a identidade brasileira. Martin, por exemplo, além de escrever bilhetinhos como aquele lá de cima, adora os CDs de música brasileira da esposa e até torce para o Rubinho Barrichello. Além de que, aprendeu o necessário em português para não ser enrolado pelos vendedores das lojas, com frases que fazem Márcia morrer de rir, mas com muito orgulho: “Isso aqui é muito caro” ou então “Isso é muito porcaria!”. E quem não riria???
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