Trabalho
Maykon Robson dos Santos Barros. Guarde esse nome!
Por Claudio Oliveira Jr.
Paulista de Itaquera, Maykon Barros chegou em Londres há quase 5 anos e depois de muito trabalho, é atualmente reconhecido como uma grande revelação brasuca na Inglaterra.
Aos 23 anos já tem qualificação de técnico de futebol internacional, e dirige um time inglês de futebol infantil. Realmente, um nome que promete!
Conheça essa figura antes do resto do mundo aqui no Oi Londres.
OiLondres - Antes de trabalhar como técnico de futebol, o que voce já fez em Londres?
Nossa! (risos.) Já fiz de tudo nessa terra ! Cleaner, lavador de pratos,
barman, vendedor, garçom, e por aí vai .
Por que resolveu vir exatamente para Inglaterra? Quais foram seus objetivos ao vir pra cá?
No Brasil eu trabalhava num departamento financeiro de uma multi-nacional, e sempre via meu chefe, que era francês, falando inglês no telefone. Isso me despertou um interresse muito grande pelo idioma, e eu sempre ficava atento em todas as palavras; vivia perguntando como falava, etc. E também eu sempre via que no Brasil as pessoas ficavam na mesma durante muito tempo, e eu queria viver algo diferente ter um futuro melhor, experiências novas! E daí me esforcei pra vir pra cá.
Conte sobre sua experiència desde então. Como chegou a posição que ocupa hoje?
Ixi! História longa! (risos). Mas minha experiência foi muito bacana.
Me identifiquei logo com a cidade, por isso já estou há quase 5 anos aqui. No começo, como a maioria dos brasileiros que vem pra cá, senti muita falta da família, dificuldades com o clima, comida sem sal (mas quando eu faço fica bom). (risos.)
Mas não rolou de ficar muito homesick, eu vim com meu objetivo e fui em frente! O legal é que em 15 dias eu já estava trabalhando; como no Brasil eu tinha tido uma pequena experiência num salão de cabeleleiros, eu pensei que aqui eu poderia tentar isso.
Então, começou logo trabalhando de cabeleleiro?
Sim! Arranjei uma máquina emprestada, nem era minha! E comecei a cortar cabelos. Às vezes acertava, às vezes nao! (risos.)
O pior foi um coreano que queria economizar e veio cortar comigo, mas eu nunca tinha cortado um cabelo daquele jeito, todo espetado, infelizmente acabei com o cabelo do cara, mas consegui fazer uma graninha no primeiro mês. Nunca vou esquecer disso!
E como foi a adaptação com o idioma?
Quando eu vim não falava nada de inglês! Nada mesmo! Mas consegui aprender muito rápido, em seis meses eu já me comunicava extremamente bem. Meus professores e amigos ficavam impressionados.
Eu agradeço a Deus por isso, sempre pedia a Ele que me ajudasse, mas eu me esforçava muito, tanto é que quase não estudei pra tirar meu first certificate, só fiz a prova na época e passei!
E como voce acabou chegando no futebol?
Eu comecei a trabalhar num clube muito grande e tradicional aqui no Reino Unido, comecei lavando pratos. Trabalhando lá meu inglês começou a melhorar e eu comecei a crescer, mas passei situações muito difíceis.
Primeiro por ser estrangeiro, segundo por ser negro. Eu sentia que tinha uma barreira a mais pra ser quebrada. Assim, fui parar no bar, que era um trabalho melhor.
Fazia muitos contatos depois de alguns meses o clube passou por uma grande reforma e construíram uma quadra multiesportiva onde pode se joga basquete, futebol, vôlei, netball, etc.
Daí o clube precisava de um técnico de futebol e não achavam, e um dia eu entrei no escritório e eles estavam discutindo sobre isso, e eu disse que poderia quebrar um galho pois já tinha uma experiência como jogador amador. Realmente tive um tempo de teste no Palmeiras por 4 meses (que infelizmente não deu certo) e no Borehamwood da terceria divisão inglesa.
Aí pelo fato de ser brasileiro eles me deram a oportunidade. No começo era difícil pois não sabia o vocabulário de futebol daqui, as gírias, etc. Foi bacana que as crianças me ajudavam.
Em 2003 eu tinha 5 alunos, mas não desanimei. Depois de um tempo comecei pegar mais experiência, a visitar outros clubes, conversar com técnicos, pegar conselhos e tal. Fui na raça e na vontade! Agora em 2005, graças a Deus, eu tenho em torno de 40 alunos e dirijo uma equipe com dois assistentes.
Hoje em dia, qual e a sua qualificação como treinador de futebol?
Já sou formado por uma escola inglesa especializada em técnicos de
futebol, posso treinar times em qualquer lugar do mundo. Agora que já tenho isso em mãos estou com um projeto de um time com o objetivo de desenvolver o futsal aqui na Inglaterra.
No momento eu organizo jogos de futsal com os adultos também, levo amigos brasileiros que mostram habilidade com a bola e isso ajuda os ingleses a se desenvolverem.
Que tipo de reconhecimento voce já pode colher do seu trabalho?
Ótimo! Tenho olheiros de clubes da Premiership vindo para ver meus alunos jogarem, já tenho um que está no Cristal Palace sub- 12. Agora meu trabalho tem sido reconhecido por acoplar o estilo brasileiro de jogar com a disciplina inglesa de marcação e as crianças relmente gostam da maneira com que o futebol tem sido jogado, de uma maneira feliz.
E o que pretende fazer quando voltar de vez pro Brasil?
Não sei quando isso vai acontecer! (risos...) Mas quero trabalhar na
preparação de jogadores para virem a Europa, pois o futebol europeu tem grandes diferenças, que hoje eu percebo melhor.